PROFANO, MÍSTICO, CÓSMICO

Huberto Rohden, huberto rohdenrohdenvoz do silencio
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Quando rememoro os estágios da minha evolução, Quedo-me, horrorizado, em face dos abismos

Em torno dos quais peregrinei... Quando eu era profano, Ou não te via de modo algum, Ou te via como múltiplo, Porque só enxergava o teu mundo.

E como podia deixar de ser ateísta, Ou politeísta, Que não te via ou só te via em teus efeitos?

Quando me tornei místico, Comecei a perceber-te como o Uno e Único, Longe do pluralismo dos teus mundos, Que me pareciam teu inimigo e negador.

Também, que semelhança haveria entre a unidade E a pluralidade?...

Mas... a minha profanidade de anteontem E a minha mística de ontem Culminaram na visão cósmica de hoje.

E nessa epifania incolor e onicolor Da minha experiência cósmica Eu te contemplo como Brahman e Maya,

Como Nirvana e Sansara, Como Causa e Efeito, Como o Transcendente e o Imanente, Como o Deus do mundo e o Mundo de Deus...

Mas, o que hoje sei de ti, Ao fulgor da Luz Universal, Nunca o poderei dizer a ninguém.

Verbalmente ou mentalmente...

O que de ti sei, Em silenciosa experiência, Nunca o poderei dizer à minha mente, Nem a meus ouvidos, Nem à mente e aos ouvidos de outros...

Só o sei no silencioso anonimato Da minha sagrada experiência...

Pequeno e profano é tudo que é dizível E pensável – Grande e sagrado é somente o que é indizível E impensável... Os “ditos indizíveis” vividos No “terceiro céu” da experiência divina... Tu, meu Deus, és a Luz Impolar Em todas as luzes pluripolares, Tu és o fecundo Silêncio Em todos os ruídos estéreis, Nos sons articulados dos homens

E nos sons inarticulados da natureza...


Quando, por momentos, o meu humano conhecer Atinge o teu divino Ser, Roçando com levíssimas asas de andorinha As fímbrias do Infinito – Então eu vislumbro o que tu és, Ó anônima e silente Divindade!

Mas este meu saber jaz amortalhado Em impenetrável mistério Para meu ego consciente e vígil.

Porque esse saber da alma é o não-saber do Intelecto E dos sentidos...

Somente o meu silente Eu sabe o que tu és.

O meu ruidoso ego te ignora...

Na imensa catedral do meu saber anônimo Eu celebro a minha liturgia cósmica, Adorando...

Amando...

Saboreando A vida Universal...

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